sábado, 28 de dezembro de 2013

Feliz 2014!

Bom dia caros Leitores!

Bem, espero que todos tenham passado um ótimo Natal. Já faz um tempinho que não escrevo nada, que não atualizo o Blog e confesso que  um certo desanimo me invadiu, já há alguns dias, mas nada sério... vou sobreviver (risos).

Mas enfim, resolvi escrever hoje só pra desejar um ótimo e maravilhoso 2014 a todos vocês. Que este ano que está chegando seja bem melhor que 2013, com menos dores e mais alegrias, com mais paz, com mais luz, muita saúde, muita esperança (muita mesmo), muito humor, muita garra, perseverança, com mais leveza na alma (e no corpo também). Que neste novo ano, e que de agora em diante, tenhamos mais auto-confiança, mais auto-estima e que assim escutemos menos a opinião dos outros e dando mais ouvidos ao nosso coração.

Ano que vem, conversamos mais, colocamos o papo em dia, te conto mais sobre minhas alegrias e minha dores e espero que você faça o mesmo comigo. 

Te espero aqui. Seja feliz!


domingo, 3 de novembro de 2013

Direitos

Os direitos das pessoas com deficiência
(Por Andre Rosa)

Hoje em dia, as pessoas com deficiência possuem de fatos inúmeros direitos que muitos não as conhecem por falta de informação e também a falta de veículos de comunicação onde não pautam um tema importante como os direitos das pessoas com deficiência. Conheça agora alguns direitos cruciais para as pessoas que possuem algum tipo de deficiência e muito mais.

  • A pessoa que possui algum tipo de deficiência, seja física ou mental, tem o direito de realizar sua aposentadoria de modo eficaz por invalidez. Além disso, a pessoa recebe 100% de aposentadoria e ainda um acréscimo de 25% caso a pessoa dependa de alguma assistência ou de assistência permanente de outra pessoa.
  • O deficiente também tem o direito da isenção de taxas na hora de comprar o seu carro customizado próprio, deixando de pagar IPI e o ICMS. Aquisição de automóveis por deficiente físico: os que podem dirigir com carros adaptados, ficarão isentos do ICMS e do IPI, observar as seguintes leis e preencher todos os anexos e dar entrada na Receita Federal para q isenção do IPI: da Lei n& ordm;. 8.989, de 24 de fevereiro de 1995, alterada pelo art. 29 da Lei nº. 9.317, de 5 de dezembro de 1996, e pelo art. 2º da Lei nº. 10.182, de 12 de fevereiro de 2001, e na Secretaria de Fazenda em sua cidade para ter isenção do ICMS.
  • Conforme os artigos 18,19 e 20 do Decreto 3298/99 a pessoa com deficiência tem direito a obter, gratuitamente, órteses e próteses (auditivas, visuais e físicas) junto às autoridades de saúde (federais, estaduais ou municipais) a fim de compensar suas limitações nas funções motoras, sensoriais ou mentais.
  • O Poder Público está obrigado a fornecer gratuitamente medicamentos necessários para o tratamento da pessoa com deficiência. Se não for fornecido deve-se procurar um advogado ou a Defensoria Pública, pois a Justiça constantemente dá ganho de causa nessas ações.
  • A empresa com 100 (cem) ou mais empregada está obrigada a preencher de 2% a 5% dos seus cargos com beneficiários reabilitados ou pessoas com deficiência, habilitadas. O percentual a ser aplicado é sempre de acordo com o número total de empregados das empresas
  • Em concursos públicos federais, estaduais e Municipais até 20% das vagas são reservadas às pessoas com deficiência. Desta forma, este percentual não é o mesmo para cada estado, município ou para o Distrito Federal, porque é a lei de cada uma dessas entidades que irá estabelecer o percentual de quotas de admissão para as pessoas com deficiência.
  • O deficiente tem direito na sociedade em educação, saúde e emprego, além claro de urbanização como transporte público acessível e equipado, além de rampas e corrimãos nas vias e ruas.

Com isso, para mais informações e detalhes sobre a acessibilidade e as dificuldades das pessoas com deficiência na urbanização, fique ligado aqui no web site Cidade Acessível e veja as melhores matérias, novidades em destaques, além de dicas e muito mais.


quarta-feira, 16 de outubro de 2013

Facebook

Esta semana o face me bloqueou porque solicitei a amizade de pessoas que não conheço. Sim, pessoas que não conheço!  Justamente, se solicitei é porque quero conhecê-las, fazer amizades! Sinceramente, quem é que nunca fez isso? Eu mesmo já recebi vários convites de pessoas que não conheço.

Mas para acabar mesmo... deletaram um comentário meu de um post de um colega, membro de um grupo de pessoas portadoras de algum tipo de deficiência física, assim como eu.
Bem, me falaram que não, mas estou achando que isto é pessoal, posso estar enganado é claro, mas parece que alguém se incomodou com meu comentário, e se é mesmo isso, bastava dizer. Mas como em todos os lugares, em todos os cantos, sempre vamos encontrar gente se caráter, gente escrota e principalmente hipócrita.

O assunto do post era sobre o constrangimento que as pessoas sentem ou não por serem olhadas pelas pessoas em locais públicos. Eu acho que tem gente que fica com muito "mimimi", mas tem muita gente que leva numa boa, que tem uma cabeça boa e até se diverte. Eu já não ligo a mínima, não sou encanado.

Então vejam abaixo o meu comentário e só porque usei a palavra "cagando", resolveram me bloquear. 

Eu não sei se esses administradores do facebook são um bando de otários e babacas, ou sou eu que ainda continuo usando essa merda que vem lá dos EUA e acha que pode tolir minha liberdade de expressão.


sexta-feira, 20 de setembro de 2013

Prótese

A escolha da prótese

Muito bem, você é amputado, está em processo de reabilitação e chegou a hora de escolher a prótese. Como fazê-lo? 

Eu acho que dificilmente um amputado terá condição de, sozinho, sem nunca ter ao menos visto uma prótese, fazer uma escolha acertada de maneira consciente. O paciente, marinheiro de primeira viagem, deve procurar um médico de reabilitação que tenha, sabidamente, conhecimento para orientá-lo e fazer a sua prescrição protética. Mesmo o profissional experiente, dependendo do caso, pode ter alguma dúvida em relação a componentes e tipos de encaixe. O ideal é que o paciente receba a maior carga de informação possível e, baseado nisso e no custo dos componentes, ajudar o médico a fazer sua escolha. 

Esta situação é bem diferente da situação do amputado experiente, que já vem usando prótese há alguns anos e, ao optar por uma troca de aparelho por qualquer razão, tem bem delineado na mente o aparelho que melhor lhe convém. Ou seja: se você é um amputado recente, procure um médico que possa ajudá-lo a escolher o aparelho mais adequado para o seu caso.

O tipo de pé protético, joelho mecânico, o encaixe a ser usado, tudo isso pode variar muito, dependendo da causa da amputação, da idade do paciente, do nível de amputação, e outros critérios mais.

O coto de amputação precisa ser preparado cuidadosamente antes de ser moldado para a feitura do encaixe. Este preparo inclui, além dos exercícios para recuperar e manter a função das articulações, o enfaixamento do coto com faixa elástica até que a sua forma se estabilize. Ainda assim, com o uso da prótese, o coto deve mudar a sua forma ainda mais, necessitando ajustes frequentes e até mesmo a troca do encaixe protético depois de alguns meses. Para prevenir problemas como dor, ferimentos, calosidades, pistonagem excessiva da prótese, etc, são necessárias visitas constantes ao centro de reabilitação, para que os problemas sejam detectados e corrigidos o mais rápido possível, evitando, desta forma, conseqüências mais graves.

Nenhuma prótese pode ser entregue acabada sem que o paciente tenha sido treinado exaustivamente no seu uso, no ambiente adequado, até que o encaixe esteja confortável e o alinhamento dinâmico tenha sido feito. Isto vai ocorrer à medida que o paciente conseguir descarregar melhor o peso do corpo sobre o aparelho. 

Também o encaixe da prótese, caso seja necessário, poderá ser trocado a um custo muito menor, enquanto ela não estiver acabada. Um aparelho protético só estará bem ajustado depois de testado, treinado e alinhado durante o uso pelo paciente. Não existe outra possibilidade. Qualquer proposta diferente deve ser entendida como uma tentativa de iludir. Tirar "medida", fazer uma ou duas provas e depois chegar com uma prótese acabada, dizendo que a dor e os ferimentos são normais e que no fim tudo se ajusta como numa dentadura, é mentira deslavada, e quem faz isso está agindo de má fé.

O amputado recente é presa fácil de indivíduos inescrupulosos por não conhecer o assunto, estar fragilizado e cheio de expectativas que muitas vezes não são reais. A melhor maneira de evitar estes danos é procurar um serviço de reabilitação reconhecido e ser tratado como paciente, nunca como freguês.


Dr. Marco Antonio Guedes de Souza Pinto

quinta-feira, 19 de setembro de 2013

Dr. Marco

Um pouco antes da minha amputação, comecei a me interessar por tudo que encontrava na internet sobre esse assunto e um dos primeiros nomes que encontrei foi o do Dr. Marco Guedes em uma entrevista com o Dr. Drauzio Varella. Desde então fiquei fã desse homem, pelo jeito simples e íntegro. E o mais importante, uma pessoa que passou pelo que hoje estamos passando. Então quem melhor que um médico protetizado, para nos entender?

DR. MARCO GUEDES E A REABILITAÇÃO DE AMPUTADOS
Trauma e especialização

O médico Marco Antônio Guedes, traumatologista e ortopedista, pela Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (USP), perdeu a perna direita, após um acidente de moto no quinto ano de faculdade. Dedicado, hoje ele é um dos grandes especialistas que atende amputados no Brasil, por meio da clínica especializada Centro Marian Weiss, que gerencia em São Paulo. Nesse espaço, Guedes e sua equipe realizam atendimentos para reabilitação de amputados e cuidados com os pés de pessoas diabéticas.

O médico contou com o apoio da família para superar essa situação difícil. "Um dia minha esposa disse: "Estou indo jogar tênis, aluguei a quadra e não vou sozinha". Fui com ela. Nunca vou me esquecer da sensação boa que tive ao voltar suado e ver que eu era capaz de me exercitar novamente", conta. Por isso e durante todo atendimento clínico, ele entende e acha que o fator psicológico é essencial na busca pela reabilitação e felicidade no início da nova vida do amputado.

O especialista diz que é mais fácil se relacionar com os pacientes por ser também um amputado. Eles, ao saberem da experiência pessoal, se sentem muito mais seguros e confiantes. Passam a ter uma expectativa sobre o seu futuro bem mais otimista e real. O difícil é não ter muita ideia de como será a vida no futuro. Ao projetarem esta expectativa, sentem-se bem mais tranquilos.

No Brasil, as técnicas cirúrgicas têm avançado, mas para Guedes o mais importante não é somente o procedimento da mutilação e sim a construção de um novo órgão funcional, e isso só é possível se for bem construído. Se o paciente que perde um membro percebe que ainda poderá fazer alguns movimentos com o que ficou no lugar, o cirurgião pode criar um impacto positivo na trajetória de vida desta pessoa.

"Não podemos passar a culpar a amputação por tudo que nos acontece de ruim, mas sim encará-la como um desafio a ser superado".

 REVISTA SENTIDOS (EDIÇÃO 62)

Verdade!!!


Curitiba


terça-feira, 17 de setembro de 2013

Reabilitação

REABILITAÇÃO PRÉ E PÓS PROTETIZAÇÃO

OBJETIVO:
Prevenção de contraturas e problemas secundários;
Evitar complicações cardio-pulmonares e descondicionamento geral do corpo do paciente;
Redução da dor e edema;
Educar paciente e família e promover apoio psicológico.

TRATAMENTO:
Adequado e dirigido tratamento postural do paciente e do coto;
Diminuir e eliminar estados dolorosos;
Movimentação do coto e outro membro-24 a 48 h após  cirurgia;
Enfaixamento do coto - ataduras elásticas;
Conseguir um bom equilíbrio muscular;
Impedir e eliminar contraturas e deformidades secundárias;
Atividades físicas gerais: Troca de decúbitos, postura de pé e marcha;
Estimular a independência - AVDs;
Orientação ao paciente e familiar;
Técnica de Protetização imediata.

AVALIAÇÃO DO MEMBRO RESIDUAL
Exame Físico Funcional: membro residual;
Nível de Amputação;
Presença de Pontos dolorosos: neuroma, sensação e dor fantasma;
Força Muscular - Tônus - Trofismo;
Amplitude de Movimento - A.D.M.;
Formato do Coto - Condições da Pele - Partes Moles - Edema - Cicatrização;
Equilíbrio - Coordenação;
Locomoção - Trocas Posturais - A.V.D.;
Dominância - Amputação de MMSS;
Aspectos Psicológicos;
Exame físico do membro contra-lateral:  Portadores de vasculopatia e neuropatia;
Musculatura abdominal e paravertebral;
Perimetria;
Atividade Laborativa.

PRÉ-PROTETIZAÇÃO 
Reparação do coto para Protetização - Maturação;
Melhorar a capacidade física geral do paciente, habilitando-o para realizar todas as atividades sem o uso de prótese;
Preparação psicológica do paciente para a reabilitação com prótese.

COTO:
Cicatrização;
Dessensibilzação;
Arredondamento (enfaixamento em oito);
Protetização.

ENFAIXAMENTO EM OITO:
É uma técnica realizada após a remoção dos pontos cirúrgicos do coto de amputação. São utilizadas faixas elásticas compressivas. Traz benefícios como melhora da circulação, diminuição do edema (inchaço) na ponta do coto, além de mantê-lo protegido.

O enfaixamento do coto também se faz necessário para que haja uma adequada adaptação ao encaixe da prótese, que além de reduzir o edema, produz um formato cilíndrico desejado. A pressão deve ser maior de distal para proximal e realizado do tipo oito ou em espiral. Uma bandagem efetiva ficará sem pregas, enfatizando as voltas angulares, exercendo uma pressão distal, encorajando a extensão articular.

O início do enfaixamento deve ocorrer a partir da ponta do coto com pressão maior nesta região, o restante deve ser coberto em diagonais ao longo do coto, aliviando a pressão ou inicie com atadura pelo lado de dentro da coxa bem acima do joelho e desenrole-a de modo que esta seja colocada no sentido diagonal para baixo, pelo lado externo do coto, mantendo cerca de 2/3 da atadura esticada no máximo.

ATENÇÃO:
Se sentir formigamento ou pontos de grande pressão, a faixa pode estar muito apertada. Retire a faixa e refaça o enfaixamento.
Se sentir coceira ou observar pontos avermelhados no coto, observe se a faixa está limpa ou coloque por baixo uma meia fina.

O enfaixamento pode ser retirado de duas em duas horas. Nos primeiros momentos de adaptação, mantenha o coto sem faixa em um período mínimo de 15 minutos, e então refaça o enfaixamento.· Até se acostumar, não há necessidade de dormir com a faixa. Ao acordar, refaça o enfaixamento.·Todos os dias antes de enfaixar ou no momento de refazer o enfaixamento, observe a pele do seu coto e a região da cicatriz, observando presença de áreas avermelhadas ou feridas. 

INSPECIONE SEMPRE SEU COTO! Observe se as faixas estão limpas, principalmente, se você mora em um lugar muito quente. Lave as meias pelo menos uma vez por mês.· Inspecione se a costura que une as faixas está em contato direto com a pele. Coloque-a para cima, para que não aconteça lesão de pele. 

SE VOCÊ TEM DIMINUIÇÃO DE SENSIBILIDADE, CUIDADO COM AS COSTURAS DA FAIXA DIRETO NO COTO. 
Observe se o enfaixamento está correto quanto à pressão, que deve ter maior pressão distal (ponta do coto), aliviando a proximal.
1 - Inicie o enfaixamento da ponta do coto para cima;
2 - Suba em diagonais com pressão distal, aliviando para proximal;
3 - Desça em diagonal com pressão maior distal aliviando para proximal;
4 - Não volte sempre à ponta do coto. Vá construindo diagonais e aliviando a pressão;
5 - O enfaixamento deve terminar próximo a articulação acima da amputação, com pressão maior nesta área;

SUBIR E DESCER DEGRAUS COM PRÓTESE
Subir o degrau: Apoiar primeiro a perna sadia no degrau e depois o membro protetizado.
Descer o degrau: Apoiar primeiro o membro protetizado no degrau e depois a perna sadia.

RECURSOS TERAPÊUTICOS
Cinesioterapia;
Mecanoterapia;
Hidroterapia;
Eletroterapia;
Massoterapia;
Crioterapia;
Acupuntura;
Enfaixamento;
Dessensibilização;
Alongamento e Fortalecimento;
Trabalho Proprioceptivo;
Treino de Equilíbrio;
Dissociação de cinturas;
Uso de dispositivos auxiliares;
Atividades Recreacionais.

Objetivos da fisioterapia
O fisioterapeuta desempenha papel fundamental quanto à reeducação funcional, acompanhando o paciente em todos os estágios do programa de reabilitação, fazendo parte de equipe multidisciplinar, supervisionando e tratando desde o estágio pré e pós-operatório, na educação de mobilidade pré e pós-protética e, se necessário, em cuidados de manutenção das funções músculo- esqueléticas.

Nesse sentido, a presença do fisioterapeuta é importante no processo dinâmico, criativo, progressivo, educativo e, objetiva a restauração ótima do indivíduo, sua reintegração à família, comunidade e sociedade.

O tratamento deverá ser iniciado de forma precoce para recuperação funcional, com objetivo de acelerar a protetização e o retorno às atividades. De maneira específica, os objetivos visam cicatrização e redução de edema, manter ou aumentar força muscular de ambos os membros, transferências e cuidados no leito, prevenir contraturas articulares do membro residual ou qualquer membro, instrução nos cuidados do membro residual e deambulação com muletas.

São vários os fatores que devem ser considerados para prescrição adequada de tratamento, como presença de múltiplas afecções, independência funcional, autonomia, idade avançada, etiologia e nível de amputação, tempo de evolução entre amputação e início da reabilitação. Devido a tais fatores, é fundamental um trabalho multidisciplinar, que vise o desenvolvimento e participação ativa do paciente no seu tratamento.

Condutas terapêuticas
A fisioterapia deve ser realizada logo após a amputação, atuando no posicionamento correto no leito, dessensibilização do coto, exercícios ativo-assistidos, ativo-livres e isométricos, uso de bandagens, exercícios de propriocepção, trabalho do membro contralateral e membros superiores e treino de marcha. Tendo como objetivo a manutenção da amplitude de movimento, aumento de força muscular, equilíbrio e adaptações da marcha de acordo com a possibilidade do paciente, envolvendo orientação e condutas de prevenção e reabilitação.

Orientações gerais pós-operatório imediato
Para correto posicionamento do coto no leito, o indivíduo deve evitar comportamento de flexão de joelho, abdução e rotação externa de coxa, não usar travesseiro embaixo do coto e manter sempre os membros inferiores alinhados para evitar contraturas, que podem surgir em decorrência do enrijecimento fascial e do desequilíbrio muscular, de um reflexo protetor de retirada, da perda da estimulação plantar em extensão ou resultado de algum posicionamento inadequado.

segunda-feira, 16 de setembro de 2013

Cansado!

Estou realmente cansado! Agora, aos poucos, estou me adaptando e conhecendo minha nova realidade de "deficiente físico". Aos poucos começo a entender porque sempre vi e ouvi tantas reclamações e reivindicações da classe. Há sem dúvida um descaso total com nós, os deficiente físicos. Mas afinal, ninguém pede mais do que os próprios direitos sejam assegurados. Bah, pura ilusão!!!

Estou correndo atrás da papelada para conseguir a isenção de impostos para comprar um carro. Estou pra ver burocracia maior. Uma empresa diz que demora três, quatro meses, outra diz que me entrega em um mês, o preço varia de oitocentos à duzentos reais. Dei entrada no processo, fiz os exames médicos, depois tive que refazê-los e agora estou mais uma vez, aguardando.

Preciso urgentemente de uma carro. Aqui em Blumenau deve ter uma das tarifas mais caras de táxi do país. Tem coisas que só eu mesmo posso correr atrás e já teve vezes de sair de casa duas ou três vezes na semana e gastar mais de quinhentos reais de táxi. Um verdadeiro absurdo!

Na sexta,  fez um ano e cinco meses que ocorreu meu acidente e por coincidência, foi também uma sexta-feira treze. Ontem, dia quinze, fez três meses que amputei a perna. Ainda sinto algumas dores, mas nada parecido como no primeiro mês. Agora já faz pouco mais de um mês que não tomo remédio algum. No começo, tomava Neurontin para as dores fantasmas que me assombravam quase que literalmente, tomava dimorf, tilex, ultracet, mytedon, miosan, neosin, rivotril... e agora pelo menos estou livre desses remédios. Mas uma vez ou outra ainda tenho que tomar algo para dor, porque meu coto não está cicatrizado por completo, há uma lesão que cisma em não fechar. Há uma ferida bem encima, acredito que de um nervo, mas não entendo o porquê de tanta demora para a cicatrização, talvez por causa dos pontos, pois ontem, encontrei depois de três meses, a ponta de dois fios bem na lesão. Vai entender!!

Na sexta tive meu primeiro contato com uma ortopédica. Visitei a CERB - centro de excelência em reabilitação, aqui em Blumenau, antiga Ortopédica Catarinense. Fui muitíssimo bem atendido, é um pessoal extremamente atencioso,  mas infelizmente saí de lá sem o orçamento que fui buscar. Ficou uma dúvida para o protético, quanto ao tipo de minha amputação, pois ele achou que era uma desarticulação de joelho, devido ao formato do coto, que parece ainda ter a patela. Mas assim que cheguei em casa, peguei os Rxs que tirei no dia que levei um baita tombo no banheiro do hospital.

Confirmei que foi mesmo uma amputação transfemural. Vendo os Rxs, pude observar que o joelho estava aparentemente, intactos, me restando a dúvida do porquê não foi feita uma desarticulação de joelho. Mas com certeza meu médico deve ter me explicado na época, mas é muita informação para ser absorvida.

Quando levei o tombo, fazia dois dias que havia comprado as muletas e entrei no banheiro molhado e não deu outra, um terrível tombo, que me tirou até o fôlego. Mal conseguia respirar e a dor era terrível. Bati todo lado esquerdo do corpo no chão e não tinha dúvida que havia quebrado a bacia e talvez uma meia duzia de costelas. No dia seguinte, o médico levou pessoalmente os Rxs no meu quarto e me disse que estava tudo certo, nada quebrado. Uffa,que alívio!

Então, como o médico disse que estava tudo bem e eu por outro lado não entendo nada de Rx, nem abri o envelope, onde também sempre vinha com um laudo. Como o protético me pediu um Rx, só agora resolvi procurar esse envelope que estava comigo e abri-lo. Adivinha minha supresa: duas costelas fraturadas. Fiquei e ainda estou completamente indignado, pois na época fiquei duas semanas que nem conseguia andar com o andador de tanta dor e me queixei várias vezes para meu médico e ele disse que era luxação e logo ia passar, mas nunca disse que havia fraturado duas costelas. Isso tudo num hospital particular e renomado!! Sem mais comentários!!


domingo, 8 de setembro de 2013

Dor Fantasma.


Se formos pesquisar sobre “dor fantasma”, vamos encontrar tantas coisas, que podem talvez nos confundir, pois há muitas contradições, informações desencontradas e desatualizadas, e por incrível que pareça, até coisas absurdas. Há bastante tempo vinha querendo postar aqui no blog, um artigo sobre esse assunto e foi quando encontrei no site “passo firme”, uma abordagem do tema de forma clara e atual. Claro que o assunto talvez seja um pouco mais complexo e profundo, mas acho que esta leitura é um excelente começo para entendermos melhor sobre essa dor e sensações que tanto nos incomodam e nos intrigam. Boa leitura!
“DOR FANTASMA, SENSAÇÕES FANTASMA E MEMBRO FANTASMA” – O QUE SÃO E COMO ACONTECEM.
Entre as pessoas amputadas fala-se muito em “dor fantasma”, “sensação fantasma” e “membro fantasma”. Tratam-se dos mesmos fenômenos ou cada manifestação possui suas especificidades e formas de tratamento? Eles são benéficos ou prejudiciais no processo de reabilitação do amputado? E como a Terapia Ocupacional reconhece e trata estes transtornos, interferindo positivamente no processo de reabilitação da pessoa amputada?
A dor fantasma, as sensações fantasmas e o membro fantasma são sintomas geralmente presentes após a perda parcial ou total de um segmento do corpo.
A dor fantasma pode aparecer no pós-operatório imediato, durante o período da internação, sendo esta referente ao trauma cirúrgico, ocorrendo em 80% dos casos. Também decorre de um processo inflamatório, infeccioso, por gangrena ou alterações circulatória ou venosa, anteriores a amputação, que causaram muita dor ao membro.
A sensação da dor fantasma pode se assemelhar com a dor sentida no membro antes da amputação. Geralmente há um registro da memória da dor e esta pode permanecer por algum tempo ou desaparecer completamente. É comum que reapareça quando existe algum acontecimento que lembre a época do trauma ou da perda física.
O membro fantasma pode ser definido como uma experiência de uma pessoa possuir um membro ausente que se comporta similarmente ao membro real.
Já a sensação do membro fantasma é uma experiência vivida pela maioria dos amputados. Com o tratamento tende a desaparecer, levando em média de três a quatro meses para a remissão (abrandamento ou diminuição) dos sintomas. Em algumas situações, porém, a sensação do membro fantasma pode persistir por longa data.
Relacionam-se ao membro ausente vários tipos de sensações (Rohlfs, Zazá, 2000, apud Demidoff et al., 2007) e as principais delas são descritas como: dor fantasma, dormência, queimação, câimbras, pontadas, ilusão vivida do movimento ou a sensação da existência do
membro fantasma. (Giraux e Sirigu, 2003 apud Demidoff et al., 2007) Estas sensações fazem parte da fisiologia das células cerebrais que ainda estão se reestruturando nas novas conexões no cérebro.

COMO A TERAPIA OCUPACIONAL RECONHECE E TRATA ESTES TRANSTORNOS COMUNS À VIDA DA PESSOA AMPUTADA.
Como recursos de reabilitação são utilizados a eletroterapia, termoterapia, hridroterapia, barras paralelas, cinesioterapia, entre outras.
O que temos identificado durante o atendimento na Terapia Ocupacional com evidências de um bom prognóstico ocupacional demanda além dos componentes físicos, o componente subjetivo, ou seja, como a pessoa amputada reage e enfrenta as novas situações de vida. O tratamento na Terapia Ocupacional dependerá da avaliação e dos objetivos específicos para cada pessoa na modalidade de participação grupal.
O entendimento e a inteligência emocional são fatores fundamentais e fazem toda a diferença para compreensão do amputado dos fatos que antecederam o trauma. O terapeuta ocupacional deve orientá-lo quanto aos procedimentos técnicos que foram realizados e os que podem ainda ser necessários como uma nova avaliação médico cirúrgica em casos como excesso de peles no coto ou algum desconforto, buscando recursos sempre que precisos na equipe multidisciplinar.
As atividades dirigidas e intencionais, através do aprendizado de habilidades contra lateral ao membro amputado e muitas vezes não correspondente ao lado dominante estimulam e permitem o aparecimento de novas redes de conexões de células nervosas. As atividades terapêuticas ocupacionais têm essa propriedade e especificidade de proporcionarem estes mecanismos. Um novo esquema do corpo estará sendo construído pelos procedimentos terapêuticos tendo como objetivos gerais, prevenir efeitos nocioceptivos no membro amputado e tratá-lo promovendo o máximo de sua independência.
Na técnica do espelho de de Ramachandran, o reflexo do membro intacto engana o cérebro para que ele enxergue dois membros saudáveis. Isso permite que ele volte a enviar comandos para esse membro, para que ele se “mexa”, aliviando a dor.
As atividades da vida diária fazem parte do tratamento na Terapia ocupacional assim como as adaptações necessárias no coto para a alimentação, vestuário, higiene pessoal, cuidados com a cicatriz, enfaixamento e modelagem do coto, cinesioatividade que propiciem as contrações isométricas, relaxante produzido pelo calor úmido no coto, uso de pré-prótese e da prótese com a utilização da técnica do espelho para o tratamento da dor e da imagem corporal e a troca da lateralidade sempre que precisa através do treinamento técnico para as habilidades manuais (coordenação motora fina e de aprendizado motor).
É através do planejamento e organização de etapas terapêuticas, ou seja, desde o tratamento do coto até o treinamento da prótese, que serão contempladas no programa de reabilitação e de protetização onde se pretende que a pessoa amputada tome “posse” do seu corpo e conquiste com propriedade sua independência e autonomia.
Observamos que para alguns amputados existe uma determinação em dizer para eles mesmos que sua perna ou seu braço não estão mais ali. Sabiamente movimentam o coto, fazem massagem ou contraem a musculatura residual do coto como recurso para eliminação das sensações e do membro fantasma. Um simples contato manual já ajuda neste desconforto.
Nas situações reflexas, de se apoiar na perna ou tentar pegar algo que caiu ou na realização de um jogo, a sensação do membro fantasma pode voltar porque está na memória funcional ainda presente. Dando um exemplo: na quadra de esporte um amputado de membro inferior procura onde está seu outro pé de sapato. Para alguns, esta sensação permanece e, se não incomodar, pode facilitar a coordenação da marcha com a prótese, da marcha com o andador ou com as muletas canadenses, assim como no uso de uma prótese mioelétrica ou biônica de membros superiores.
Quando solicitamos que pense no membro perdido ao dar o passo, colocando “o calcanhar” no início da marcha com a prótese ou sem ela, “andar como se estivesse com a sua perna”, tem possibilitado um caminhar mais leve e coordenado. Dessa forma promove menor esforço físico e menor consumo energético para a locomoção. Pensar nos alcances e padrões manuais também favorece o mecanismo de acionamento dos eletrodos e a coordenação das próteses de membros superiores.

A INFLUÊNCIA DO FATOR EMOCIONAL NO PROCESSO DE REABILITAÇÃO.
Como dissemos no início, a dor tem uma memória e sofre grande influência do fator emocional como nos estados de depressão, ansiedade, etc. e pela proximidade das áreas cerebrais. Pesquisadores têm investigado o modo como estes estados alteram ou estimulam o retorno da dor fantasma. Nesta fase de luto, deve-se dar uma atenção especial ao tratamento.
Cabe a observação que ocorre um luto pela perda daquele segmento e nesta fase deve se ter uma atenção especial no tratamento. Tem sido também relacionado que em datas próximas ao evento do acidente ou da doença que levou a amputação com o aparecimento das sensações e de transtornos emocionais, com relatos dos amputados de sentirem novamente dor, câimbras, tristeza, depressão, mal estar e alteração da pressão arterial.
No nosso dia a dia de trabalho como terapeutas ocupacionais, é comum que no momento de receber a prótese, mesmo passando pelas provas na confecção e modelagem para a mesma, ainda não tenha sido superado o conflito da amputação e comumente há a lembrança do trauma novamente, acontecendo um novo luto.
O processo é longo para absorver a tecnologia assistiva, fazer as adaptações pessoais e para o ambiente que ajudarão na realização das atividades de vida diária e Instrumentais, produtivas e de lazer, incorporando a prótese ao seu cotidiano, para que ela faça parte dos seus movimentos e ações de maneira natural.
O conteúdo deste artigo foi cedido gentilmente pelo site passo firme http://passofirme.wordpress.com


Por Marilda Coelho Pires - Terapeuta Ocupacional, do Instituto Nacional de Traumatologia e Ortopedia (Into), e Simone Bastos, do Conselho Regional de Fisioterapia e Terapia Ocupacional.

quinta-feira, 15 de agosto de 2013

Meu Coto.

AMPUTAÇÃO DO MEMBRO INFERIOR ESQUERDO NO DIA 15/06/2013.

18/06/2013


22/06/2013
24/06/2013


26/06/2013


28/06/2013


30/06/2013

02/07/2013


05/07/2013


12/07/2013 

 15/07/2013


15/08/2013





terça-feira, 30 de julho de 2013

Em casa.

Finalmente em casa! Cheguei domingo, acompanhado por minha irmã, que voltou no mesmo dia para Curitiba. E de repente me vejo sozinho, e sem uma perna, e agora, o que faço? Só mesmo entregando nas mãos de Deus e tendo muita fé, muita coragem e muita disposição.

Fé e coragem eu tenho, disposição é que tá me faltando mesmo. A adaptação é um pouco demorada, e não estou dizendo da adaptação da minha nova realidade e condição, mas sim, por ter passado internado por mais de um ano praticamente. Com isso, perdi massa muscular, engordei, minha flora intestinal está uma bagunça, ainda por cima, os remédios me dão sonolência e tontura. 

As vezes, na verdade, muitas vezes, me olho, olho para perna que não tenho mais, e por vezes, penso que a "ficha" não caiu. Dá uma tristeza, as lágrimas caem mesmo, não tem jeito. Mas é nessa hora que penso que poderia ser pior, ou que tem gente em situações bem pior. Tento ir por esse caminho para amenizar minha dor.

Mas o pior de tudo no momento, é a dor mesmo. Meu coto ainda está em fase de cicatrização e segundo meu médico a dor vai passar, apesar que ele não descartou a possibilidade de uma intervenção cirúrgica para fazer a secção de terminações nervosas (algo assim). O duro é esperar ainda três meses para ver se a dor vai passar ou não. Quem merece?. 

Mas Deus é grande e misericordioso e o tempo é o pai de todos os males. Um dia, uma hora, tudo isso vai ser parte do passado, tudo vai ficar mais fácil, mais adaptável. Só não quero é ficar desse jeito, pra baixo, triste, esse não sou eu mesmo. Até porque nunca esqueci desde o começo a proposta de motivar a quem precisar. Desde o início, sempre achei que ia dar a volta por cima e tenho certeza que vou conseguir.

Um grande abraço a todos e muito obrigado pelas mensagens de apoio e de carinho.

domingo, 21 de julho de 2013

Alta.

Boa noite queridos amigos, leitores,

Resolvi publicar esse último post "dor fantasma", porque já estava escrito a vários dias, mas prometo que logo, logo estarei publicando algo com esse tema. Eu confesso que sou chato e detalhista mesmo e para publicar qualquer coisa, de qualquer jeito, não me deixaria satisfeito. Então aguardem mais um pouco.

Bem, faz muito tempo que não escrevo nada, que não relato nada e nos últimos tempos aconteceram muitas coisas. Para falar a verdade, não escrevi porque a dor estava me consumindo até pouco tempo atrás. Infelizmente não tive uma amputação comum. Como sempre digo, meu caso, minha amputação, foram e são um caso atípico. Eu tive muitas lesões na perna, e isso ocasionou  uma amputação complicada. Digo complicada, porque hoje depois de trinta e seis dias após a amputação, ainda não houve uma cicatrização completa. 

Em um caso normal, o amputado tem alta, dois ou três dias após a amputação, com vinte ou vinte e cinco dias, tira os pontos e tem uma cicatrização total.

Eu infelizmente, logo após passar o efeito da anestesia raqui, comecei a sentir muitas dores, principalmente dores fantasmas. Tive a infelicidade de ser sorteado para sentir essas terríveis dores, pois tem muita gente que não sente, ou sente por pouco mais de um mês, bem, por outro lado, tem gente que sente a vida inteira e se Deus permitir, irei sentir por pouco tempo. 

Minhas dores fantasmas, depois de vinte dias, chegaram a um grau tão grande, que não tive outra opção a não ser, pedir ao meu médico que entrasse com um tratamento neuropático. Então comecei a tomar o Neurontin 300mg, três vezes ao dia, e com isso as dores foram diminuindo aos poucos. Hoje, mesmo com essa medicação, sinto um pouco das dores fantasmas, mas algo digamos, suportável. Tomo uma vez por dia, duas horas antes de dormir, um comprimido de Dimorf 10mg (morfina) e Neuzine para ajudar a dormir.

Nos sessenta dias que fiquei no hospital, fora a amputação e toda a dificuldade para a cicatrização, que eu lembre, que valha a pena contar, houve um dia que levei um baita de um tombo no banheiro. Isso serve para alertar a todos, para não se sentirem tão confiantes no começo. Estava andando com andador há onze meses e de repente resolvi comprar um par de muletas canadense e saí todo faceiro com elas, andando pelos corredores do hospital, daí no segundo dia, caí no corredor, mas nada grave, depois no mesmo dia,  entrei no banheiro que estava todo molhado, porque tinha tomado banho duas horas antes, e não deu outra, levei um tombo daqueles. Na hora, não tinha dúvidas que havia fraturado a bacia ou o fêmur e algumas costelas, devido tamanha dor. Corremos para o RX, a dor era insuportável, nem conseguia me mexer na sala de RX, mas depois de umas três horas os resultados saíram e não havia quebrado absolutamente nada. Mas ainda hoje, sindo um pouquinho de dor, resquícios do tombo.

Tive finalmente alta no dia dezoito. Vou ficar aqui, na casa da minha irmã em Curitiba, pelo menos uns dez ou quinze dias, e só depois volto para minha casa. Aos poucos estou começando a fazer coisas que não fazia a mais de quinze meses. No sábado, vesti depois de todos esses meses, uma calça comprida, parece idiota dizer, mas é emocionante. Saí e fui almoçar com minha irmã e minha mãe, que também está aqui. É muito legal mesmo poder sentar normalmente numa cadeira e poder almoçar. Depois fomos a um supermercado e lá me deparei com um daqueles carrinhos elétricos para deficiente e já que me encontro nessa condição mesmo, ou seja, agora eu sou um "eficiente físico", então peguei aquele carrinho e confesso que parecia uma criança num parque de diversões. Andei pelo supermercado inteiro e de agora em diante, se for num supermercado e tiver um carrinho elétrico, vou usar com certeza. Aliás, de agora em diante, vou usar e abusar de tudo que tenho direito, como eficiente físico.

No próximo post, vou por algumas fotos do meu coto em fase de recuperação, de cicatrização. Eu comecei a tirar fotos dos curativos desde o primeiro dia e pude ir acompanhando o progresso. Sei que tem gente que pode até achar chato, desagradável, mas como sempre digo, minha intensão é "ajudar". Quem sabe uma pessoa, em algum momento venha a passar pelo mesmo e assim possa ajudar, porque confesso que por muitas vezes, cheguei a ficar desanimado quando via meu coto daquele jeito, achava que nunca ia cicatrizar, não via no começo algum progresso que fosse. Então, para quem se incomodar com as fotos, eu só posso dizer: sinto muito!

Dor Fantasma

Olá caros leitores,


Depois do meu acidente, comecei uma cansativa busca por informações. Acho que sempre fui um pouco curioso e questionador, mas com o acidente me tornei muito mais sem dúvida, pois nem sempre me conformei ou era o suficiente, somente as informações (como se fosem uma lei) que recebia dos meus médicos, enfermeiros, psicólogos, fisioterapeutas, entre outros, que dirá então a opinião dos outros. Então, desde então comecei a recorrer ao recurso de pesquisa que estava mais próximo a mim: a internet.

Por sorte e justamente por ser questionador, que também não engulo tudo que leio na internet (sorte minha), e por falar nisso, quer ver um médico bravo, é ele te dizer uma coisa, e você argumentar: ah, mas eu li na internet... nossa como eles ficam bravos, (risos). Eu entendo e concordo com essa reação deles, mesmo porque temos realmente que tomar muito cuidado com o que lemos e passamos a acreditar, temos que pesquisar, pesquisar e pesquisar muitas fontes, e temos que analisar essas fontes. Não é um "bicho de sete cabeças", nada tão difícil assim, mas devem estar se questionando, onde quero chegar com essa conversa.

É o seguinte, agora na condição de amputado, comecei a pesquisar pela primeira coisa que me causou muitas dúvidas e curiosidades, na verdade assim que acordei da anestesia da cirurgia: a dor fantasma.

Pesquisando, tive várias reações, até mesmo de espanto com um dos tantos artigos que li, esse em especial, se tratava de um trabalho científico de conclusão de pós graduação. Fiquei estarrecido, como a "jumenta" que fez o trabalho, conseguir se graduar, pois tinha cada coisa absurda, que só vendo mesmo, sem contar que havia várias partes repetidas, parágrafos inteiros, copiados e colados, erros de grafia, tenho inclusive certeza que ABNT, essa coitada não tem a menor ideia do que seja. 

Mas enfim, achei muitos sites com artigos sobre "dor fantasma, dor do membro fantasma, membro fantasma, sensação fantasma",alguns com contradições, erros, alguns incompletos, deixando com mais dúvidas.

Bem, como venho repetindo, criei o blog com a intenção de contar minha história, e também poder motivar, ajudar, tirar dúvidas, tipo blog de "utilidade pública" mesmo. Daí como minhas primeiras dúvidas foram em relação as dores fantasma, acredito que muitos tenham as mesmas dúvidas também, resolvi escrever um post sobre esse tema, e foi aí, depois que comecei a pesquisar, que vi o quanto é difícil escrever sobre isso. 

Então resolvi fazer o seguinte, vou escrever as informações básicas sobre dores fantasma, citando as fontes, para que possam checar também e vou por junto alguns endereços de sites que julgo confiáveis, para também poderem ser checados. E vou deixar aberto, para receber qualquer informação que seja interessante para se acrescentada ao post. Leiam, questionem, tirem suas dúvidas e fiquem a vontade para fazer comentários.

Obrigado.

sexta-feira, 21 de junho de 2013

Muito Cuidado!

Quando comecei a procurar informações sobre "amputação", inicialmente, procurei por textos científicos,  relatos médicos, mas também procurei nas redes sociais, pois queria ler depoimentos de pessoas que passaram pelo doloroso processo da amputação. 

Daí pensei em procurar ajuda no Facebook e pesquisando sobre "amputados", acabei encontrando alguns grupos e entrando em dois. Isso quase um mês antes de finalmente tomar a decisão. Mandei alguns post pedindo ajuda, sugerindo que me contassem  suas experiências. Ao mesmo tempo que você é bombardeado por todo tipo de coisas, informações, experiências positivas e negativas, frustrações, tem também aquelas pessoas que se fecham. 

Nem preciso dizer, mas as dúvidas, as incertezas, os medos, as inseguranças, a desconfianças são muitas. Quando começamos a procurar informações e ajuda nas redes sociais, encontramos um monte de gente querendo ajudar, mas temos que ter muito cuidado, temos que ser seletivos, extremamente seletivos.  Saber separar o "joio do trigo". Graças a Deus, nem nos momentos mais difíceis perdi esse discernimento. 

Eu realmente tenho a intenção de ajudar, mas jamais alguém vai ouvir de mim, faça a amputação! ou não faça a amputação!. Isso é muito pessoal e ao mesmo tempo, injusto e cruel. Ouvi muito isso, mas as pessoas se baseiam unica e exclusivamente, em suas experiências pessoais. Puro egoísmo, pois cada caso é um caso e ninguém deve jogar suas mágoas, revoltas e frustrações pessoais, pra cima de alguém que procura por ajuda e sim, no máximo, experiências boas, coisas ruins, guarde-as pra si, pois não subestime as pessoas, elas irão descobrir, mesmo que talvez sozinhas, que existe todo um longo caminho a ser percorrido (o qual nem sempre precisa ser dolorido, só porque o seu foi). Eu sempre pedi relatos: como foi o pós cirúrgico, como foi a reabilitação, fisioterapia, a protetização e até mesmo, preços.

Mas também jamais fiquei  magoado com essas coisa,  com pessoas que demostram claramente suas frustrações. O que é legal e bom pra mim, eu absorvo, guardo, o que não, deixo de lado, porque são pessoas guerreiras, que passaram ou passam por sofrimento, são pessoas incríveis que tem toda uma história de vida, digna de ser contada. 

Até aí, tudo bem! Mas tem que se tomar bastante cuidado com aquilo que se lê e vê na internet, saber diferenciar o que nos serve e o que não. 

Uma das tantas preocupações e dúvidas que tinha (ainda tenho algumas, é claro), era sobre a protetização, principalmente no que diz respeito a preços. Pois acreditem, não demorou para aparecer algumas pessoas que mais pareciam com "amigos de infância". 

São "elementos" extremamente simpáticos, inteligentes, que te abordam discretamente nas Redes Sociais com palavras de conforto, que se prontificam a te ajudar gratuitamente, que te prometem visitas, pessoas que te ligam e se mostram sensibilizadas, que diz saber exatamente o que você está passando, e no meio da conversa, começam a te fazer perguntas; se está trabalhando, se está sendo atendido pelo SUS (aí se você diz que não, automaticamente está dizendo que está sendo por um plano de saúde ou particular), se mostram realmente preocupadas com sua vida e alguns mais ousados, nem se sentem constrangidos em  perguntar o valor do seu salário. Daí basta darem uma pequena vasculhadas no seu face, (e até mesmo por fotos), conseguem traçar mais ou menos seu perfil sócio-econômico. De posse desse perfil, o elemento está pronto para analisar que tipo de prótese vai tentar te vender com certeza já imaginando na comissão que vai ganhar.

Hoje se você entrar no site do mercadolivre, vai encontrar algumas próteses usadas a venda, virou um comércio nojento e descarado. Te oferecem uma prótese como se fossem vender um carro. Comprar uma prótese não é como entrar numa concessionária de veículos e escolher um carro. Comprar uma prótese envolve um monte de profissionais que vão te auxiliar no que é melhor para você, tirar suas dúvidas envolvendo toda uma psicologia, pois você está ali não pra sair todo contente com seu carro novo e sim com a esperança e o sonho de ter encontrado profissionais honestos, que tenham te recomendado a melhor prótese, não a mais cara, de ter feito um bom negócio que inclui custo/beneficio e a esperança de sair dali andando bem, com segurança e feliz. 

Bem, espero ter o prazer de encontrar pessoas honestas assim, porque acredito que essa deva ser a política ética de uma empresa. Eu ainda não encontrei tais profissionais, na verdade nem procurei, mas quando procurar e se encontrar, podem ter a certeza que vou recomendar e juro, sem nada querer em troca.

Infelizmente isso existe mesmo (aconteceu comigo) e é preocupante, porque quando a gente se encontra imobilizado num leito de hospital, muitas vezes sob efeito de tantos remédios, torna-se muitas vezes vulnerável a esse tipo de gente e bem num momento que mais precisa de apoio e de informações. 

Então, aqui fica meu alerta, tomem muito cuidado! Essa máfia é parecida com a do DPVAT. Eu até agora não dei entrada no meu, mas lembro que quando sofri o acidente, houve mais de dez pessoas no hospital querendo dar entrada para mim, depois me abordaram até no face, por telefone e por e-mail.

Então fica aqui meu alerta: TOMEM CUIDADO COM ESSES ELEMENTOS!

quarta-feira, 19 de junho de 2013

Amputação!

Foi um ano, dois meses, dois dias e finalmente minha perna foi AMPUTADA! Pois é, não houve jeito e a amputação foi o melhor caminho, a melhor solução, a melhor opção por uma qualidade de vida melhor. 


Contrariando a relatos e estudos psicológicos, que dizem que leva alguns dias para o amputado se aceitar, assimilar o que de fato aconteceu e que há um tempo de depressão e "luto"; comigo foi diferente, pouco tempo depois que acordei, quis ver e tocar o meu "coto", não me senti nem feliz, nem alegre, mas fui tomado por uma sensação muito boa de alívio, que depois se misturaram com otimismo, muita vontade de lutar e muita fé em Deus. 

Quando eu digo em vontade de lutar, é porque em momento algum tive a mínima ilusão, que tenha seguido por um caminho mais fácil, até porque, não se trata de caminho mais fácil ou mais difícil, aliás, nem de caminho se trata. É algo que tinha que ser, é algo que tinha que acontecer e aconteceu no momento certo, protelei o máximo e levei até onde pude.

Se minha perna tivesse sido amputada no dia do acidente, talvez ficasse a vida inteira me questionando: "Ah, se estivesse em uma cidade melhor ou tivesse caído nas mãos de outro médico, quem sabe teriam salvo minha perna?". Mas optei por um tratamento alternativo, "o fixador Ilizarov", que na maior parte das vezes traz um resultado positivo, mas no meu caso não deu e tenho a consciência tranquila, porque sei que tentei.

Como Dr. Eduardo Tavares, me disse uma vez: "você está fazendo o caminho certo, está tentando, não está pulando nem queimando etapas". E é por isso que eu também não vou dizer: "Ah! se eu soubesse que era assim, ou que ia me sentir assim, teria amputado antes". Isso é bobagem, tudo tem seu tempo, seu momento e era agora. 

Como já havia anteriormente comentado, apesar de não estar mais suportando a situação que vinha levando, a decisão não era só minha. De nada adiantaria eu querer amputar, se o meu médico não concordasse e vice-versa, pois tive que assinar uma autorização, juntamente com a assinatura do médico e de uma testemunha. 

Meu médico, Dr. Claus, sempre, desde o meu primeiro contato com ele, foi absolutamente ético, claro, objetivo, sempre pondo as "cartas na mesa", me dando muitas vezes, opções, caminhos, explicando os prós e contras e foi esta postura que sempre me deixou a vontade, tranquilo e seguro. Por isso, quando tomei a decisão da amputação, soube que era a mais acertada, mas não a mais fácil.

Os dois dias pós-cirúrgicos, foram bastante doloridos; não que seja regra, mas fiquei as primeiras quarenta e oito horas, simplesmente sem sair da cama, a partir do terceiro dia vai melhorando, levantei pela primeira vez, é uma sensação estranha, pois o corpo fica muito mais leve e sem muito equilíbrio, tomei um banho como ha muito tempo não tomava, o curativo foi feito no quarto mesmo pelo Dr. Matheus, foi um dia muito bom. Hoje no quinto dia, estou muito bem, quase sem dor, acordei super disposto, fiz alongamento (sim, alongamento!), fui ao banheiro escovar os dentes, olhei para o espelho e me dei um baita "BOM DIA!" e fui tomar meu café.

Hoje resolvi escrever principalmente para contar minha historia, agora de amputado, mas não só para contar por contar. Quero e vou relatar toda minha trajetória, da amputação, reabilitação, até chegar na protetização que vai ser um longo caminho, disso não tenho dúvidas. Tenho muita fé em Deus, muita vontade, coragem e garra para voltar a andar. Com certeza, nem tudo vai ser um mar de rosas; decepções e frustrações, fazem parte de todo processo, do caminho e ter a consciência disto, já é um bom começo. E quero, não fugindo à minha proposta, ajudar no que estiver ao meu alcance. Nesses quatorze meses que se passaram, encontrei muita ajuda virtual, fiz muitos amigos virtuais, mas encontrei muitas contradições, o que nos deixa um tanto confusos as vezes, algumas pessoas querendo ajudar, acabam atrapalhando. E tem também gente mal intencionada, mas disso especificamente, vou falar no próximo post. 

Só hoje depois de cinco dias, informei ao meu chefe da minha amputação. Precisei mesmo aguardar alguns dias para estar bem fisicamente para ligar e poder transmitir que realmente estou bem. Quero aproveitar para agradecer ao SEMASA, a empresa que tanto gosto e que tenho orgulho de dizer que trabalho. É muita gente para citar, então quero deixar registrado aqui meu mais sincero e profundo agradecimento a todos que desde o inicio me ajudaram, me motivaram, que oraram por mim, me visitaram, e me mandaram mensagens.


Ps.: Temos que combinar um churrasco, heim!