sexta-feira, 20 de setembro de 2013

Prótese

A escolha da prótese

Muito bem, você é amputado, está em processo de reabilitação e chegou a hora de escolher a prótese. Como fazê-lo? 

Eu acho que dificilmente um amputado terá condição de, sozinho, sem nunca ter ao menos visto uma prótese, fazer uma escolha acertada de maneira consciente. O paciente, marinheiro de primeira viagem, deve procurar um médico de reabilitação que tenha, sabidamente, conhecimento para orientá-lo e fazer a sua prescrição protética. Mesmo o profissional experiente, dependendo do caso, pode ter alguma dúvida em relação a componentes e tipos de encaixe. O ideal é que o paciente receba a maior carga de informação possível e, baseado nisso e no custo dos componentes, ajudar o médico a fazer sua escolha. 

Esta situação é bem diferente da situação do amputado experiente, que já vem usando prótese há alguns anos e, ao optar por uma troca de aparelho por qualquer razão, tem bem delineado na mente o aparelho que melhor lhe convém. Ou seja: se você é um amputado recente, procure um médico que possa ajudá-lo a escolher o aparelho mais adequado para o seu caso.

O tipo de pé protético, joelho mecânico, o encaixe a ser usado, tudo isso pode variar muito, dependendo da causa da amputação, da idade do paciente, do nível de amputação, e outros critérios mais.

O coto de amputação precisa ser preparado cuidadosamente antes de ser moldado para a feitura do encaixe. Este preparo inclui, além dos exercícios para recuperar e manter a função das articulações, o enfaixamento do coto com faixa elástica até que a sua forma se estabilize. Ainda assim, com o uso da prótese, o coto deve mudar a sua forma ainda mais, necessitando ajustes frequentes e até mesmo a troca do encaixe protético depois de alguns meses. Para prevenir problemas como dor, ferimentos, calosidades, pistonagem excessiva da prótese, etc, são necessárias visitas constantes ao centro de reabilitação, para que os problemas sejam detectados e corrigidos o mais rápido possível, evitando, desta forma, conseqüências mais graves.

Nenhuma prótese pode ser entregue acabada sem que o paciente tenha sido treinado exaustivamente no seu uso, no ambiente adequado, até que o encaixe esteja confortável e o alinhamento dinâmico tenha sido feito. Isto vai ocorrer à medida que o paciente conseguir descarregar melhor o peso do corpo sobre o aparelho. 

Também o encaixe da prótese, caso seja necessário, poderá ser trocado a um custo muito menor, enquanto ela não estiver acabada. Um aparelho protético só estará bem ajustado depois de testado, treinado e alinhado durante o uso pelo paciente. Não existe outra possibilidade. Qualquer proposta diferente deve ser entendida como uma tentativa de iludir. Tirar "medida", fazer uma ou duas provas e depois chegar com uma prótese acabada, dizendo que a dor e os ferimentos são normais e que no fim tudo se ajusta como numa dentadura, é mentira deslavada, e quem faz isso está agindo de má fé.

O amputado recente é presa fácil de indivíduos inescrupulosos por não conhecer o assunto, estar fragilizado e cheio de expectativas que muitas vezes não são reais. A melhor maneira de evitar estes danos é procurar um serviço de reabilitação reconhecido e ser tratado como paciente, nunca como freguês.


Dr. Marco Antonio Guedes de Souza Pinto

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