sexta-feira, 21 de junho de 2013

Muito Cuidado!

Quando comecei a procurar informações sobre "amputação", inicialmente, procurei por textos científicos,  relatos médicos, mas também procurei nas redes sociais, pois queria ler depoimentos de pessoas que passaram pelo doloroso processo da amputação. 

Daí pensei em procurar ajuda no Facebook e pesquisando sobre "amputados", acabei encontrando alguns grupos e entrando em dois. Isso quase um mês antes de finalmente tomar a decisão. Mandei alguns post pedindo ajuda, sugerindo que me contassem  suas experiências. Ao mesmo tempo que você é bombardeado por todo tipo de coisas, informações, experiências positivas e negativas, frustrações, tem também aquelas pessoas que se fecham. 

Nem preciso dizer, mas as dúvidas, as incertezas, os medos, as inseguranças, a desconfianças são muitas. Quando começamos a procurar informações e ajuda nas redes sociais, encontramos um monte de gente querendo ajudar, mas temos que ter muito cuidado, temos que ser seletivos, extremamente seletivos.  Saber separar o "joio do trigo". Graças a Deus, nem nos momentos mais difíceis perdi esse discernimento. 

Eu realmente tenho a intenção de ajudar, mas jamais alguém vai ouvir de mim, faça a amputação! ou não faça a amputação!. Isso é muito pessoal e ao mesmo tempo, injusto e cruel. Ouvi muito isso, mas as pessoas se baseiam unica e exclusivamente, em suas experiências pessoais. Puro egoísmo, pois cada caso é um caso e ninguém deve jogar suas mágoas, revoltas e frustrações pessoais, pra cima de alguém que procura por ajuda e sim, no máximo, experiências boas, coisas ruins, guarde-as pra si, pois não subestime as pessoas, elas irão descobrir, mesmo que talvez sozinhas, que existe todo um longo caminho a ser percorrido (o qual nem sempre precisa ser dolorido, só porque o seu foi). Eu sempre pedi relatos: como foi o pós cirúrgico, como foi a reabilitação, fisioterapia, a protetização e até mesmo, preços.

Mas também jamais fiquei  magoado com essas coisa,  com pessoas que demostram claramente suas frustrações. O que é legal e bom pra mim, eu absorvo, guardo, o que não, deixo de lado, porque são pessoas guerreiras, que passaram ou passam por sofrimento, são pessoas incríveis que tem toda uma história de vida, digna de ser contada. 

Até aí, tudo bem! Mas tem que se tomar bastante cuidado com aquilo que se lê e vê na internet, saber diferenciar o que nos serve e o que não. 

Uma das tantas preocupações e dúvidas que tinha (ainda tenho algumas, é claro), era sobre a protetização, principalmente no que diz respeito a preços. Pois acreditem, não demorou para aparecer algumas pessoas que mais pareciam com "amigos de infância". 

São "elementos" extremamente simpáticos, inteligentes, que te abordam discretamente nas Redes Sociais com palavras de conforto, que se prontificam a te ajudar gratuitamente, que te prometem visitas, pessoas que te ligam e se mostram sensibilizadas, que diz saber exatamente o que você está passando, e no meio da conversa, começam a te fazer perguntas; se está trabalhando, se está sendo atendido pelo SUS (aí se você diz que não, automaticamente está dizendo que está sendo por um plano de saúde ou particular), se mostram realmente preocupadas com sua vida e alguns mais ousados, nem se sentem constrangidos em  perguntar o valor do seu salário. Daí basta darem uma pequena vasculhadas no seu face, (e até mesmo por fotos), conseguem traçar mais ou menos seu perfil sócio-econômico. De posse desse perfil, o elemento está pronto para analisar que tipo de prótese vai tentar te vender com certeza já imaginando na comissão que vai ganhar.

Hoje se você entrar no site do mercadolivre, vai encontrar algumas próteses usadas a venda, virou um comércio nojento e descarado. Te oferecem uma prótese como se fossem vender um carro. Comprar uma prótese não é como entrar numa concessionária de veículos e escolher um carro. Comprar uma prótese envolve um monte de profissionais que vão te auxiliar no que é melhor para você, tirar suas dúvidas envolvendo toda uma psicologia, pois você está ali não pra sair todo contente com seu carro novo e sim com a esperança e o sonho de ter encontrado profissionais honestos, que tenham te recomendado a melhor prótese, não a mais cara, de ter feito um bom negócio que inclui custo/beneficio e a esperança de sair dali andando bem, com segurança e feliz. 

Bem, espero ter o prazer de encontrar pessoas honestas assim, porque acredito que essa deva ser a política ética de uma empresa. Eu ainda não encontrei tais profissionais, na verdade nem procurei, mas quando procurar e se encontrar, podem ter a certeza que vou recomendar e juro, sem nada querer em troca.

Infelizmente isso existe mesmo (aconteceu comigo) e é preocupante, porque quando a gente se encontra imobilizado num leito de hospital, muitas vezes sob efeito de tantos remédios, torna-se muitas vezes vulnerável a esse tipo de gente e bem num momento que mais precisa de apoio e de informações. 

Então, aqui fica meu alerta, tomem muito cuidado! Essa máfia é parecida com a do DPVAT. Eu até agora não dei entrada no meu, mas lembro que quando sofri o acidente, houve mais de dez pessoas no hospital querendo dar entrada para mim, depois me abordaram até no face, por telefone e por e-mail.

Então fica aqui meu alerta: TOMEM CUIDADO COM ESSES ELEMENTOS!

quarta-feira, 19 de junho de 2013

Amputação!

Foi um ano, dois meses, dois dias e finalmente minha perna foi AMPUTADA! Pois é, não houve jeito e a amputação foi o melhor caminho, a melhor solução, a melhor opção por uma qualidade de vida melhor. 


Contrariando a relatos e estudos psicológicos, que dizem que leva alguns dias para o amputado se aceitar, assimilar o que de fato aconteceu e que há um tempo de depressão e "luto"; comigo foi diferente, pouco tempo depois que acordei, quis ver e tocar o meu "coto", não me senti nem feliz, nem alegre, mas fui tomado por uma sensação muito boa de alívio, que depois se misturaram com otimismo, muita vontade de lutar e muita fé em Deus. 

Quando eu digo em vontade de lutar, é porque em momento algum tive a mínima ilusão, que tenha seguido por um caminho mais fácil, até porque, não se trata de caminho mais fácil ou mais difícil, aliás, nem de caminho se trata. É algo que tinha que ser, é algo que tinha que acontecer e aconteceu no momento certo, protelei o máximo e levei até onde pude.

Se minha perna tivesse sido amputada no dia do acidente, talvez ficasse a vida inteira me questionando: "Ah, se estivesse em uma cidade melhor ou tivesse caído nas mãos de outro médico, quem sabe teriam salvo minha perna?". Mas optei por um tratamento alternativo, "o fixador Ilizarov", que na maior parte das vezes traz um resultado positivo, mas no meu caso não deu e tenho a consciência tranquila, porque sei que tentei.

Como Dr. Eduardo Tavares, me disse uma vez: "você está fazendo o caminho certo, está tentando, não está pulando nem queimando etapas". E é por isso que eu também não vou dizer: "Ah! se eu soubesse que era assim, ou que ia me sentir assim, teria amputado antes". Isso é bobagem, tudo tem seu tempo, seu momento e era agora. 

Como já havia anteriormente comentado, apesar de não estar mais suportando a situação que vinha levando, a decisão não era só minha. De nada adiantaria eu querer amputar, se o meu médico não concordasse e vice-versa, pois tive que assinar uma autorização, juntamente com a assinatura do médico e de uma testemunha. 

Meu médico, Dr. Claus, sempre, desde o meu primeiro contato com ele, foi absolutamente ético, claro, objetivo, sempre pondo as "cartas na mesa", me dando muitas vezes, opções, caminhos, explicando os prós e contras e foi esta postura que sempre me deixou a vontade, tranquilo e seguro. Por isso, quando tomei a decisão da amputação, soube que era a mais acertada, mas não a mais fácil.

Os dois dias pós-cirúrgicos, foram bastante doloridos; não que seja regra, mas fiquei as primeiras quarenta e oito horas, simplesmente sem sair da cama, a partir do terceiro dia vai melhorando, levantei pela primeira vez, é uma sensação estranha, pois o corpo fica muito mais leve e sem muito equilíbrio, tomei um banho como ha muito tempo não tomava, o curativo foi feito no quarto mesmo pelo Dr. Matheus, foi um dia muito bom. Hoje no quinto dia, estou muito bem, quase sem dor, acordei super disposto, fiz alongamento (sim, alongamento!), fui ao banheiro escovar os dentes, olhei para o espelho e me dei um baita "BOM DIA!" e fui tomar meu café.

Hoje resolvi escrever principalmente para contar minha historia, agora de amputado, mas não só para contar por contar. Quero e vou relatar toda minha trajetória, da amputação, reabilitação, até chegar na protetização que vai ser um longo caminho, disso não tenho dúvidas. Tenho muita fé em Deus, muita vontade, coragem e garra para voltar a andar. Com certeza, nem tudo vai ser um mar de rosas; decepções e frustrações, fazem parte de todo processo, do caminho e ter a consciência disto, já é um bom começo. E quero, não fugindo à minha proposta, ajudar no que estiver ao meu alcance. Nesses quatorze meses que se passaram, encontrei muita ajuda virtual, fiz muitos amigos virtuais, mas encontrei muitas contradições, o que nos deixa um tanto confusos as vezes, algumas pessoas querendo ajudar, acabam atrapalhando. E tem também gente mal intencionada, mas disso especificamente, vou falar no próximo post. 

Só hoje depois de cinco dias, informei ao meu chefe da minha amputação. Precisei mesmo aguardar alguns dias para estar bem fisicamente para ligar e poder transmitir que realmente estou bem. Quero aproveitar para agradecer ao SEMASA, a empresa que tanto gosto e que tenho orgulho de dizer que trabalho. É muita gente para citar, então quero deixar registrado aqui meu mais sincero e profundo agradecimento a todos que desde o inicio me ajudaram, me motivaram, que oraram por mim, me visitaram, e me mandaram mensagens.


Ps.: Temos que combinar um churrasco, heim!

quarta-feira, 12 de junho de 2013

Dia de curativo.

Hoje, quarta-feira, foi dia de curativo. Depois que coloquei a tala de gesso, passei a fazer o curativo no meu quarto, uma vez por semana. Quem faz o curativo é um médico, e quando ele abriu a tala, assustei. Bem, como vocês podem ver nas fotos, a coloração não está lá aquelas coisas, mas não é o pior. 

Há três dias, comecei a sentir uma dor abaixo do joelho, o que me fazia ter que tomar analgésico forte para dormir. Quando tirei o fixador, não tinha feridas expostas, estava tudo seco, e isso foi uma coisa que levou um ano para acontecer. Mas depois de duas semanas com a tala de gesso toda fechada, as feriadas voltaram, a dor que estava sentido é por causa de uma ferida abaixo do joelho como dá pra ver nas fotos. 

O pior mesmo é essa parte de pele que dá para ver, que é na verdade, um retalho cirúrgico que foi retirado das minhas costas. O retalho está se soltando! Putz, o que mais falta acontecer? Nem quis ver, mas o médico percebeu que a parte debaixo da perna está cheia de feridas e segundo ele, isso acontece por a tala, o curativo estar todo fechado, ficando úmido e assim criando feridas. Tá complicado!!!










segunda-feira, 10 de junho de 2013

Obrigado mana.

Quase um ano e dois meses do dia fatídico e estou aqui, como sabem, mais uma vez internado. Já perdi as contas de quanto entrei e saí de hospitais, de quantas vezes fui levado ao centro cirúrgico. Só quem vive, quem passa por isto, pode mesmo conseguir ter uma real noção de tudo que abrange e envolve uma infeliz fatalidade destas.  O quanto temos que ser fortes, mesmo sem querer ou saber, para não enlouquecer, para não perder a saúde mental, como dizem, para não “sair da casinha”. 

Ninguém que esteja de fora, consegue perceber de verdade, o quanto acabamos, por mais que não queiramos, envolvendo gente que nos ama. Já acho um tanto injusto, tudo que estou sofrendo, o que dirá então, envolver minha família, que acaba sofrendo junto. É mesmo muito injusto!

Minha mana que mora em Mato Grosso do Sul, ficou comigo, em minha casa me ajudando e depois alguns dias aqui no hospital. Alguns dias atrás, ela voltou pra sua casa, mas veio, ficou um tempão, me ajudou muito, deixou seus filhos, sua casa, sua vida. É disso que estou falando, de estar incomodando, mobilizando as pessoas, mas sempre vai ter quem olhe de fora e pense, “ah, mas é da família...”, e quem disse que só por que é da família, tem que se incomodar e  sofrer junto?. 

Não estou dizendo que houve ou há qualquer tipo de reclamação, de quem quer que seja, muito menos de algum membro da minha família, mas sou eu que me sinto incomodado e incomodando, me sentindo um inútil e  principalmente, um dependente de tudo. Tudo que quero e espero, é que essa fase acabe logo e possa voltar às minha atividades cotidianas.

Quero agradecer do fundo do meu coração a minha irmã, pelos dias que passou comigo, me ajudando, me motivando, me ouvindo, embora algumas vezes, em algumas situações, tenha ficado mais assustada do que eu (risos).

Eu e minha irmã Cecilia

domingo, 2 de junho de 2013

Tendões do Tornozelo.

Ontem fez uma semana que tirei o Fixador Ilizarov e mesmo sem ele, o pé algumas vezes, costuma incomodar. Tais dores são devido a perda dos tendões, que mostro na ilustração abaixo. Tenho sensibilidade somente na planta do pé e um pequeno movimento nos dedos. Perdi o Tendão Tibial Posterior e os Tendões Fibulares (também a Fíbula).