quinta-feira, 9 de maio de 2013

Voltando pra casa.

Boa noite amigos, caros leitores!
 
Já estou em casa há quase duas semanas e apesar de não ter nada melhor do que nossa casa, nosso cantinho com nossas coisas, na companhia dos meus bichanos, ainda assim,  a adaptação está bastante difícil.
 
Quando se passa tanto tempo no hospital como passei (de treze meses do meu acidente, dez passei internado), se acostuma a ter tudo na mão, refeições, limpeza, rotina de horários, sem contar que sentir dor dentro de um hospital é quase impossível e a morfina era uma grande aliada. Nossa, como era bom dormir sob efeito da morfina!
 
Minha irmã está passando alguns dias aqui comigo. É muito bom ter alguém por perto, ter alguém ajudando, alguém para poder desabafar e poder por alguns instantes, esquecer tudo isso que estou passando. Por que é nesses pequenos lapsos de memoria que consigo rir um pouco.
 
E por falar em rir; peço desculpas, pois minha proposta inicial, quando criei este blog, era justamente, além de trocar e levar minhas experiências, levar humor, otimismo e fé. Mas nos últimos dias, confesso que realmente não está fácil.
 
A dor me persegue, principalmente na hora de dormir, e na hora de dormir, a insônia me acompanha.
 
Hoje não tomo mais nada para dormir, e para dor, dois tramal por dia. Cansei de me entupir de remédios, mesmo porque, quando sinto dor, muitas vezes, o tramal que é o remédio mais forte que tenho, não resolve minha dores, e quanto a insônia, quando tomo um comprimido, no dia seguinte fico meio que dopado o dia inteiro. Então, como não tenho que acordar cedo pra trabalhar mesmo, melhor mesmo é ficar até as cinco da manha vendo TV ou navegando na internet, porque depois quando o sono vem mesmo, ai não tem dor que resista. Dai eu durmo.
 
Mas não é a dor e nem a insônia que tem me deixado pra baixo. É a incerteza do que me espera, é a incerteza do que posso esperar da minha perna.
 
Tenho pensado muito na amputação da minha perna e não é que espero ou queira que alguém me apoie nisso, mesmo porque não é uma questão de apoio, nem de opção. Na maior parte das vezes, quando simplesmente toco no assunto da amputação, ficam contra, dizem que tenho que ter fé em Deus, orar e pedir a Ele, como se não fizesse isso a todo momento nesses últimos treze meses.
 
Mas não é uma questão de fé, é uma questão de ser realista. Quem melhor do que eu para saber o tamanho da minha dor, como minha perna está reagindo e respondendo depois de todo esse tempo? Perdi a sensibilidade de boa parte da perna, a qual não tem volta, mas ainda assim, não sei como minha perna vai estar daqui há três, seis meses, um ano.
 
Todas essas incertezas, são o que me consomem, que me deixam deprimido. Gostaria que fosse uma decisão fácil, mas realmente não é. Constantemente tenho visto histórias, depoimentos, relatos de pessoas amputadas que passaram a ter uma vida muito melhor depois que amputaram a perna. Pessoas que dizem ter ganhado qualidade de vida.
 
E qualidade de vida é tudo que mais quero. Desde o início disse para meu médico que existem quatro coisas referentes a minha perna e que duas eu aceito e duas de jeito nenhum. Aceito as limitações que vou ter com minha perna, que não vão ser poucas, aceito a questão da estética, pois a deformidade é muito grande, mas nada que uma calça não resolva, mas sentir dor e ter que tomar remédios para o resto da vida, isso não aceito mesmo.
 
Por isso mesmo que venho amadurecendo cada vez mais e aceitando a possibilidade de amputação, porque sei que com a amputação vou ter uma qualidade de vida bem melhor, independentemente da forma que minha perna vai ficar.
 
Acho que fiz este post mais para que fosse um desabafo e para mostrar que "AMPUTAÇÃO", não é o fim da vida. Pelo contrário, a amputação pode ser o inicio de uma nova fase, de uma nova vida.
 
Ps.: Quero aproveitar para divulgar um grupo no facebook que me ajudou muito nos primeiros meses e me ajuda ainda hoje (Ilizarov Brasil) . O grupo foi criado pelo Dr. Marcos Alves de Andrade e como ele mesmo diz, "foi uma verdadeira inspiração", com toda certeza. No grupo encontrei conforto, carinho, amizade, fortalecimento da fé e muita troca de experiência. Tem muita gente querida que tenho o maior carinho e amizade, até parece que os conheço pessoalmente. Muito obrigado a todos os membros do grupo, principalmente aos amigos mais chegados. Muito obrigado!
https://www.facebook.com/groups/ilizarov.brasil/



Um comentário:

  1. Estou a duas semanas pós cirurgia.no nono dia começou a doer e agora choro duas vez por dia foi colocado foi de Kirchner no meu pé estranho comessar a doer uma semana depois de deixar o hospital

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