domingo, 21 de julho de 2013

Alta.

Boa noite queridos amigos, leitores,

Resolvi publicar esse último post "dor fantasma", porque já estava escrito a vários dias, mas prometo que logo, logo estarei publicando algo com esse tema. Eu confesso que sou chato e detalhista mesmo e para publicar qualquer coisa, de qualquer jeito, não me deixaria satisfeito. Então aguardem mais um pouco.

Bem, faz muito tempo que não escrevo nada, que não relato nada e nos últimos tempos aconteceram muitas coisas. Para falar a verdade, não escrevi porque a dor estava me consumindo até pouco tempo atrás. Infelizmente não tive uma amputação comum. Como sempre digo, meu caso, minha amputação, foram e são um caso atípico. Eu tive muitas lesões na perna, e isso ocasionou  uma amputação complicada. Digo complicada, porque hoje depois de trinta e seis dias após a amputação, ainda não houve uma cicatrização completa. 

Em um caso normal, o amputado tem alta, dois ou três dias após a amputação, com vinte ou vinte e cinco dias, tira os pontos e tem uma cicatrização total.

Eu infelizmente, logo após passar o efeito da anestesia raqui, comecei a sentir muitas dores, principalmente dores fantasmas. Tive a infelicidade de ser sorteado para sentir essas terríveis dores, pois tem muita gente que não sente, ou sente por pouco mais de um mês, bem, por outro lado, tem gente que sente a vida inteira e se Deus permitir, irei sentir por pouco tempo. 

Minhas dores fantasmas, depois de vinte dias, chegaram a um grau tão grande, que não tive outra opção a não ser, pedir ao meu médico que entrasse com um tratamento neuropático. Então comecei a tomar o Neurontin 300mg, três vezes ao dia, e com isso as dores foram diminuindo aos poucos. Hoje, mesmo com essa medicação, sinto um pouco das dores fantasmas, mas algo digamos, suportável. Tomo uma vez por dia, duas horas antes de dormir, um comprimido de Dimorf 10mg (morfina) e Neuzine para ajudar a dormir.

Nos sessenta dias que fiquei no hospital, fora a amputação e toda a dificuldade para a cicatrização, que eu lembre, que valha a pena contar, houve um dia que levei um baita de um tombo no banheiro. Isso serve para alertar a todos, para não se sentirem tão confiantes no começo. Estava andando com andador há onze meses e de repente resolvi comprar um par de muletas canadense e saí todo faceiro com elas, andando pelos corredores do hospital, daí no segundo dia, caí no corredor, mas nada grave, depois no mesmo dia,  entrei no banheiro que estava todo molhado, porque tinha tomado banho duas horas antes, e não deu outra, levei um tombo daqueles. Na hora, não tinha dúvidas que havia fraturado a bacia ou o fêmur e algumas costelas, devido tamanha dor. Corremos para o RX, a dor era insuportável, nem conseguia me mexer na sala de RX, mas depois de umas três horas os resultados saíram e não havia quebrado absolutamente nada. Mas ainda hoje, sindo um pouquinho de dor, resquícios do tombo.

Tive finalmente alta no dia dezoito. Vou ficar aqui, na casa da minha irmã em Curitiba, pelo menos uns dez ou quinze dias, e só depois volto para minha casa. Aos poucos estou começando a fazer coisas que não fazia a mais de quinze meses. No sábado, vesti depois de todos esses meses, uma calça comprida, parece idiota dizer, mas é emocionante. Saí e fui almoçar com minha irmã e minha mãe, que também está aqui. É muito legal mesmo poder sentar normalmente numa cadeira e poder almoçar. Depois fomos a um supermercado e lá me deparei com um daqueles carrinhos elétricos para deficiente e já que me encontro nessa condição mesmo, ou seja, agora eu sou um "eficiente físico", então peguei aquele carrinho e confesso que parecia uma criança num parque de diversões. Andei pelo supermercado inteiro e de agora em diante, se for num supermercado e tiver um carrinho elétrico, vou usar com certeza. Aliás, de agora em diante, vou usar e abusar de tudo que tenho direito, como eficiente físico.

No próximo post, vou por algumas fotos do meu coto em fase de recuperação, de cicatrização. Eu comecei a tirar fotos dos curativos desde o primeiro dia e pude ir acompanhando o progresso. Sei que tem gente que pode até achar chato, desagradável, mas como sempre digo, minha intensão é "ajudar". Quem sabe uma pessoa, em algum momento venha a passar pelo mesmo e assim possa ajudar, porque confesso que por muitas vezes, cheguei a ficar desanimado quando via meu coto daquele jeito, achava que nunca ia cicatrizar, não via no começo algum progresso que fosse. Então, para quem se incomodar com as fotos, eu só posso dizer: sinto muito!

4 comentários:

  1. Continue postando, Arthur!
    Fui doutorando na Ortopedia do Hospital de Clínicas da UFPR e acompanhei alguns pacientes que usaram o Ilizarov, amputados e outros casos.
    Acho legal essa sua atitude de relatar o acontecido com voce... isto pode trazer mais ânimo a outras pessoas que passam por situação semelhante!Parabéns!

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  2. Fico muito feliz em saber que você está em casa, Arthur! Boa sorte na recuperação!

    Abraço!

    Douglas (Psicólogo)

    PS: Gostei do filme que você me passou ("A Viagem")!

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  3. Estou acompnahando sua história dois anos após a amputação e esta sendo de tamanha ajuda, Arthur. Meu pai sofreu uma amputação e esta se identificando bastante com seus posts. Grande abraço!

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