Caro leitor, acredito que como puderam perceber, meus relatos não são em tempo real. O que acontece, é que só depois de onze meses após o acidente, resolvi criar o blog, então pode haver pequenas confusões com a sincronia de eventos. Mas logo estarei postando em tempo real, senão diariamente, pelo menos semanalmente.
Vou contar todos os detalhes que me lembro, dos primeiros 28 dias que fiquei internado no Hospital Santa Izabel em Blumenau, sendo que no final deste prazo, fui transferido para o Hospital Vita BR em Curitiba.
Quase um mês internado, muita tristeza, muitas dores, mas não era só dor física, era também dor que parecia vir da alma. Não sei explicar bem, mas era uma dor de sentir pena de mim mesmo.
Segundo o psicólogo do hospital, também Dr. Rafael, toda essa dor, toda essa angústia era bastante normal nos primeiro dias. Ele foi de grande ajuda na minha recuperação, pois tivemos longas e longas conversas. Quantas vezes me peguei pensando sobre o porque tinha que ser comigo, porque tinha que ir por aquela rua, naquela hora, e se tivesse passado por ali cinco minutos antes ou cinco depois? São perguntas que por algum tempo, ficaram martelando em minha cabeça, machucando e me fazendo chorar sempre que me vinham esses pensamentos.
São coisas do tipo que na maioria das vezes, não têm um resposta clara. Tinha que acontecer, aconteceu e pronto. Se você acredita em Deus, e eu pessoalmente acredito, então o melhor a fazer, é acreditar que Ele, e só Ele, sabe o que faz. Quem acredita e confia em Deus, sabe que tudo que Ele faz, seja bom ou seja ruim, tem um propósito.
Mas é bastante normal, no começo, ficarmos revoltados, desiludidos, profundamente magoados e por vezes incrédulos. Mas a parte boa, é que tudo isso passa, e depois de algum tempo começamos a reagir e aquelas nuvens pretas, pesadas, carregadas de raios e trovões, começam aos poucos a se dissipar e surge então um lindo sol radiante (eu sei, parece piegas), mas acredite, não é!
Das partes boas que lembro são da solidariedade de tanta gente, até pessoas que não tinha tanta afinidade, como por exemplo, alguns vizinhos. Foi tanta gente orando e que ainda oram, que me emocionam muito mesmo. Recebi dezenas de telefonemas, mensagens, e-mails. Recebi várias visitas de amigos do meu trabalho, aliás, recebi um apoio tão grande deles, que me surpreendeu; até recebi a visita do diretor da minha empresa, do pessoal do RH (que me ajudou muito na hora que mais precisei, e me ajuda até hoje), meu chefe e colegas do meu setor. Serei eternamente grato a empresa que trabalho.
Mas a melhor visita mesmo foi da minha mãezinha de oitenta anos, a pessoa mais querida e importante da minha vida. Tadinha, viajou 1200km pra me ver, ficou alguns dias comigo, me doía no coração vê-la dormir naquele sofá duro e desconfortável do quarto do hospital, aguentou firme e forte, mesmo com seus problemas de saúde e sua idade. Ela só voltou para sua casa em Mato Grosso do Sul, quando fui transferido para Curitiba.
Quase um mês internado, muita tristeza, muitas dores, mas não era só dor física, era também dor que parecia vir da alma. Não sei explicar bem, mas era uma dor de sentir pena de mim mesmo.
Segundo o psicólogo do hospital, também Dr. Rafael, toda essa dor, toda essa angústia era bastante normal nos primeiro dias. Ele foi de grande ajuda na minha recuperação, pois tivemos longas e longas conversas. Quantas vezes me peguei pensando sobre o porque tinha que ser comigo, porque tinha que ir por aquela rua, naquela hora, e se tivesse passado por ali cinco minutos antes ou cinco depois? São perguntas que por algum tempo, ficaram martelando em minha cabeça, machucando e me fazendo chorar sempre que me vinham esses pensamentos.
São coisas do tipo que na maioria das vezes, não têm um resposta clara. Tinha que acontecer, aconteceu e pronto. Se você acredita em Deus, e eu pessoalmente acredito, então o melhor a fazer, é acreditar que Ele, e só Ele, sabe o que faz. Quem acredita e confia em Deus, sabe que tudo que Ele faz, seja bom ou seja ruim, tem um propósito.
Mas é bastante normal, no começo, ficarmos revoltados, desiludidos, profundamente magoados e por vezes incrédulos. Mas a parte boa, é que tudo isso passa, e depois de algum tempo começamos a reagir e aquelas nuvens pretas, pesadas, carregadas de raios e trovões, começam aos poucos a se dissipar e surge então um lindo sol radiante (eu sei, parece piegas), mas acredite, não é!
Das partes boas que lembro são da solidariedade de tanta gente, até pessoas que não tinha tanta afinidade, como por exemplo, alguns vizinhos. Foi tanta gente orando e que ainda oram, que me emocionam muito mesmo. Recebi dezenas de telefonemas, mensagens, e-mails. Recebi várias visitas de amigos do meu trabalho, aliás, recebi um apoio tão grande deles, que me surpreendeu; até recebi a visita do diretor da minha empresa, do pessoal do RH (que me ajudou muito na hora que mais precisei, e me ajuda até hoje), meu chefe e colegas do meu setor. Serei eternamente grato a empresa que trabalho.
Mas a melhor visita mesmo foi da minha mãezinha de oitenta anos, a pessoa mais querida e importante da minha vida. Tadinha, viajou 1200km pra me ver, ficou alguns dias comigo, me doía no coração vê-la dormir naquele sofá duro e desconfortável do quarto do hospital, aguentou firme e forte, mesmo com seus problemas de saúde e sua idade. Ela só voltou para sua casa em Mato Grosso do Sul, quando fui transferido para Curitiba.
Bem, além do que já contei sobre a perna, também sofri lesões no braço, tive fratura exposta e quebrei o Rádio e a Ulna, foi necessário a colocação de uma placa com oito parafusos em cada osso. Além disso, houve um área grande que esfolou no asfalto, indo do cotovelo ao punho. Tive escoriações no queixo, e hematomas por quase todo o corpo.
Lembro que havia muitas partes roxas, inchadas e doloridas, aliás, doía o corpo inteiro. Fiquei também com o rosto inchado e roxo por vários dias, segundo minha irmã, pois só tive coragem de me ver no espelho, uma semana depois.
Se tivessem me dito que tinha sido atropelado por uma jamanta, com certeza teria acreditado. Difícil mesmo é acreditar que uma moto possa ter feito tamanhos estragos.
Mesmo tomando constantemente as injeções de "dimorf" (morfina), ainda assim as dores eram terríveis, a ponto de me fazer chorar. Fiquei na cama, sem sair dela, praticamente os primeiros 10 dias. Tudo era feito na cama, minhas necessidades fisiológicas, e o que eles chamam de "banho de leito", que aliás, não tem coisa pior.
Depois de passado alguns dias, comecei a tomar meus banhos no banheiro; era um verdadeiro "parto" para passar da cama para a cadeira de banho e vice-versa. Eram sempre, no mínimo, duas enfermeiras, às vezes três para me dar e ajudar no banho. Era a pior parte do dia, agradecia a Deus quando voltava para cama.
Aí começaram os "debridamentos" ou "desbridamentos" (pode se falar das duas formas e ambos tem a mesma definição), que é a remoção do tecido necrosado de uma lesão. A principio os debridamentos eram feitos com uma frequência de três em três dias , sempre no centro cirúrgico, pois devido as dores que sentia, faziam a anestesia raquidiana, que me dava um grau de maior conforto após o debridamento.
Nesses 28 dias de internação em Blumenau, creio que foram os piores e também, mais decisivos. Tudo que tinha de novo pra acontecer, aconteceu!
Veio a notícia que havia perdido uma parte considerável de osso da tíbia, aproximadamente 17cm, por motivos de uma osteomielite (que é em princípio, uma inflamação óssea, usualmente causada por infecção, bacteriana ou fúngica, que pode permanecer localizada ou difundir-se). Graças a Deus, no meu caso foi localizada, isso porque foi retirado imediatamente a parte infectada.
E pra não ficar pior, a pele do local lesionado começou a necrosar; a princípio foi retirado 20% da pele, depois 40%. Lembro do dia que o médico entrou no quarto, depois de vários debridamentos e disse que já havia retirado 80% da pele da minha perna e dois ou três dias depois, perdi 100%. Aí a coisa ficou feia.
A parte da fratura, estava provisoriamente estável, osteomielite controlada, mas quanto a pele ("partes moles" como chamam os médicos), era uma situação bastante delicada e complicada.
Dr. Rafael, como sempre, foi bastante direto, a área sem pele da perna era bastante grande para ser coberta por simples enxertos, então necessitaria de um "retalho cirúrgico", que são segmentos de tecidos com vascularização cutânea e muscular, que possuem vasos que garantam a nutrição própria do retalho.
Para quem quiser saber mais sobre retalhos cirúrgicos, segue um site sobre o assunto: http://www.ronaldoazze.com.br/fasciculo/fasciculo8.PDF.
O fato é que em Blumenau ninguém fazia esse tipo de cirurgia e foi sugerida minha transferência imediata para Curitiba.
Mais dois dias de brigas com meu plano de saúde, que queria cobrar 3.800 reais para fazer a transferência de ambulância. Um pouco de estresse, mas problema resolvido. Não precisei pagar nada e no dia 11/05/12, fui finalmente transferido para o Hospital Vita BR em Curitiba.
Nenhum comentário:
Postar um comentário