segunda-feira, 27 de maio de 2013

Sem Ilizarov.

Internado desde domingo (19), passei uma semana inteira de dores horríveis, tomando morfina de quatro em quatro horas, sem a menos fazer efeito. Na sexta (24), fui ao Centro Cirúrgico, para retirada de um anel, um fio de kirschner e um pino. Voltei ao quarto e quando o efeito da anestesia passou, descobri que a dor só havia mudado de endereço, no entanto, mais forte. É nessa hora que a gente entra em total desespero.
 
Intimei  meu médico a fazer qualquer coisa, inclusive amputar se fosse preciso, desde que tirasse as terríveis dores.
 
No dia seguinte, sábado (25), fui levado novamente ao CC e desta vez o Fixador Ilizarov, foi retirado e no lugar dele, ganhei uma tala de gesso que vai do pé até a coxa e dá muita estabilidade.
 
Voltei ao quarto e assim que o efeito da anestesia passou completamente, pois dessa vez, tomei uma raquidiana, pude perceber que finalmente a dor tinha desaparecido. Parece um milagre.
 
Consigo levantar, sentar no vaso, tomar banho, sem sentir dor. Nossa, como isso é bom! Até mesmo quando ponho o pé para baixo não sinto mais aquela pressão que sentia. Engraçado, o gesso é mais pesado que o fixador, mas perna está mais leve.
 
Agora vou ficar com esta tala até a Unimed liberar um novo fixador. Segundo meu médico, chegando o fixador, ele coloca e depois de dois dias me libera.
 
Agora é só aguardar.


quarta-feira, 22 de maio de 2013

Para descontrair.

Desde o início, criei este blog com a intenção que de alguma forma, pudesse ajudar a quem estivesse passando por situação semelhante a minha, trocando experiência, tirando talvez dúvidas, mas também com a proposta de levar alegria, descontração e motivação. Então resolvi postar esses dois vídeos que achei muito legal e divertido.
 
Talvez achem estranho, pois são dois vídeos de pessoas amputadas e eu sou um, digamos "Ilizaroviano", mas a amputação é uma coisa que pode passar a ser realidade na vida de quem usa o Ilizarov, ou não. Bem, de um jeito ou outro, acho que temos que romper as barreiras do medo, do tabu e do preconceito o quanto antes.
 
Enfim, assista os vídeos, são divertidos!

 
 

Internado novamente.

Bom dia,

Mais uma vez, internado! Saí de Blumenau no domingo (19),  as três horas da madrugada e dei entrada no Hospital Vita de Curitiba as sete e meia da manhã. Mais uma vez meu compadre Gabriel me socorreu, me trazendo até Curitiba e com aquele carinho e atenção de sempre.

Estou sendo muito bem atendido aqui no hospital, mas as dores persistem. A analgesia está sendo feita a base de morfina, mas uma dose tão baixa que não faz efeito ou dura muito pouco. Enfim!

Já fiz RXs e hemograma mas só o laudo do hemograma até o momento saiu e segundo o médico, não apresenta sinais de infecção. 

Resumindo, estou com uma dor terrível que se concentra principalmente no joelho, porém por vezes percorre toda a extensão da perna, inclusive o fêmur, onde não há lesão alguma. Sinto que a dor não é muscular e sim óssea. Hoje faz dez dias que estou sentindo essas dores e até o presente momento, não conseguimos descobrir a origem.

O que mais tenho feito nesses últimos treze meses, é esperar e esperar. O que mais ouço é:  "tenha paciência ",  "você tem que ter paciência", olha, eu ando tendo tanta paciência que no final de tudo isto, acho que vou entrar para um mosteiro e virar monge! (risos).

segunda-feira, 20 de maio de 2013

Dor, muita dor!

Na segunda-feira que passou, dia treze, fez treze meses do meu acidente e foi nesse dia que  fiz minha segunda perícia no INSS. A perita avaliou minha situação e me deu mais um ano de "encosto". Isso me deixa triste, porque só eu sei o quanto queria estar trabalhando. Acho que daria talvez uma mão ou até mesmo um braço em troca da minha perna. Tudo para poder voltar de uma vez para minha rotina. Desses treze meses, quase dez, passei internado, deitado numa cama de hospital. 

Engordei bastante, justamente num momento que não poderia, pois andar com uma só perna, exige força e quanto menos peso, melhor. Mas como não engordar estando num hospital, onde devido a tantas dores, na maioria do tempo ficava na cama, com quatro refeições por dia e sem queimar calorias?

Um pouco antes do acidente, estava com consulta marcada com meu oftalmologista. Uso óculos desde os dezoito anos, tenho astigmatismo, mas depois dos quarenta, aos poucos comecei a perceber que também estava com um pouco de dificuldade para enxergar de perto. Certa dificuldade para ler e usar o computador. Mas neste último ano, no ano do acidente, parece que a dificuldade se agravou rapidamente. Eu ponho, tiro, ponho, tiro o óculos para ver como fica melhor, mas está tudo uma grande porcaria. Dia dezesseis, estava com consulta marcada com meu oftalmologista, mas as dores eram tantas que tive que cancelar.

Bem, mas voltando a segunda, dia treze, saí de casa de táxi, fiz a perícia e voltei para casa. Estava tudo bem até então e de repente, uma meia hora depois que cheguei minha perna começou a doer, doer e doer cada vez mais. Minha irmã me ajudou e fui para cama. A dor foi aumentando, uma dor aguda horrível, que era principalmente no joelho. Tomei um tramal e tentei relaxar, nada!

No final da tarde não aguentava mais de dor, chamei um táxi e fui para o hospital. O mesmo hospital que me recebeu tão bem no dia do meu acidente, me deu o pior tratamento que poderia imaginar. Uma hora esperando na recepção, depois fui para o "PS convênios", me jogaram numa cama, o médico me atendeu, ou melhor, me viu, acho que era por volta da meia noite.

Não vou contar toda história porque é muita comprida. Nunca passei tanta raiva num hospital e nunca fui tão mal atendido,  um total descaso. Mas resumindo, entrei com dor e saí com mais dor, sem a menos saber o motivo de tanta dor.  Sai de lá com uma receita de analgésico, um anti-inflamatório, repouso e gelo seis vezes ao dia.

Percebi no dia seguinte, que o joelho, local onde mais dói, estava extremamente inchado, e os pinos com bastante secreção. Então deduzi logo de cara que tratava-se de "pino inflamado". Imaginei que com o anti-inflamatório, tudo iria melhorar, e de fato, tive e sensação que estava melhorando. Mas depois de dois dias as dores além de persistirem, aumentaram significantemente, a ponto de passar a chorar.

Mas ainda assim achava que com a medicação, gelo e bastante repouso, tudo iria melhorar. Desde ontem tenho uma nova suspeita: o osso da tíbia que acreditava ter se consolidado, se soltou.

Agora estou decidindo quando vou para Curitiba, mas tem que ser amanhã ou no máximo na segunda, pois não sei até quando irei resistir. O grande problema vai ser o transporte, pois até mesmo quando a perna está em repouso na cama, dói muito; com o movimento do carro, não sei como vai ser então.

Vou pedir uma nova internação e desta vez acho que não vou desistir da amputação. Eu não aguento mais viver assim. Se continuar assim,  receio pela minha integridade mental. Meu médico não sabe nem pode me dar uma perspetiva.

É um verdadeiro tiro no escuro, pode ficar razoável ou simplesmente não funcionar. Daí vai ser tempo perdido, dinheiro perdido, dores desnecessárias, sendo que posso amputar a perna hoje e pegar as rédeas da minha vida já.

Um fato importante, meu médico me disse certa ocasião que alguns de seus paciente que passam por traumas semelhantes ao meu, as vezes acabam pedindo pela amputação, mas quando ele acha e vê possibilidade de tratamento, pede para procurar outro médico, pois não fará a amputação, mas que no meu caso, embora haja tratamento, ainda assim ele faz a amputação no momento que eu pedir, pois o meu caso é bastante grave. Essas foram as palavras do meu médico.

quinta-feira, 9 de maio de 2013

Voltando pra casa.

Boa noite amigos, caros leitores!
 
Já estou em casa há quase duas semanas e apesar de não ter nada melhor do que nossa casa, nosso cantinho com nossas coisas, na companhia dos meus bichanos, ainda assim,  a adaptação está bastante difícil.
 
Quando se passa tanto tempo no hospital como passei (de treze meses do meu acidente, dez passei internado), se acostuma a ter tudo na mão, refeições, limpeza, rotina de horários, sem contar que sentir dor dentro de um hospital é quase impossível e a morfina era uma grande aliada. Nossa, como era bom dormir sob efeito da morfina!
 
Minha irmã está passando alguns dias aqui comigo. É muito bom ter alguém por perto, ter alguém ajudando, alguém para poder desabafar e poder por alguns instantes, esquecer tudo isso que estou passando. Por que é nesses pequenos lapsos de memoria que consigo rir um pouco.
 
E por falar em rir; peço desculpas, pois minha proposta inicial, quando criei este blog, era justamente, além de trocar e levar minhas experiências, levar humor, otimismo e fé. Mas nos últimos dias, confesso que realmente não está fácil.
 
A dor me persegue, principalmente na hora de dormir, e na hora de dormir, a insônia me acompanha.
 
Hoje não tomo mais nada para dormir, e para dor, dois tramal por dia. Cansei de me entupir de remédios, mesmo porque, quando sinto dor, muitas vezes, o tramal que é o remédio mais forte que tenho, não resolve minha dores, e quanto a insônia, quando tomo um comprimido, no dia seguinte fico meio que dopado o dia inteiro. Então, como não tenho que acordar cedo pra trabalhar mesmo, melhor mesmo é ficar até as cinco da manha vendo TV ou navegando na internet, porque depois quando o sono vem mesmo, ai não tem dor que resista. Dai eu durmo.
 
Mas não é a dor e nem a insônia que tem me deixado pra baixo. É a incerteza do que me espera, é a incerteza do que posso esperar da minha perna.
 
Tenho pensado muito na amputação da minha perna e não é que espero ou queira que alguém me apoie nisso, mesmo porque não é uma questão de apoio, nem de opção. Na maior parte das vezes, quando simplesmente toco no assunto da amputação, ficam contra, dizem que tenho que ter fé em Deus, orar e pedir a Ele, como se não fizesse isso a todo momento nesses últimos treze meses.
 
Mas não é uma questão de fé, é uma questão de ser realista. Quem melhor do que eu para saber o tamanho da minha dor, como minha perna está reagindo e respondendo depois de todo esse tempo? Perdi a sensibilidade de boa parte da perna, a qual não tem volta, mas ainda assim, não sei como minha perna vai estar daqui há três, seis meses, um ano.
 
Todas essas incertezas, são o que me consomem, que me deixam deprimido. Gostaria que fosse uma decisão fácil, mas realmente não é. Constantemente tenho visto histórias, depoimentos, relatos de pessoas amputadas que passaram a ter uma vida muito melhor depois que amputaram a perna. Pessoas que dizem ter ganhado qualidade de vida.
 
E qualidade de vida é tudo que mais quero. Desde o início disse para meu médico que existem quatro coisas referentes a minha perna e que duas eu aceito e duas de jeito nenhum. Aceito as limitações que vou ter com minha perna, que não vão ser poucas, aceito a questão da estética, pois a deformidade é muito grande, mas nada que uma calça não resolva, mas sentir dor e ter que tomar remédios para o resto da vida, isso não aceito mesmo.
 
Por isso mesmo que venho amadurecendo cada vez mais e aceitando a possibilidade de amputação, porque sei que com a amputação vou ter uma qualidade de vida bem melhor, independentemente da forma que minha perna vai ficar.
 
Acho que fiz este post mais para que fosse um desabafo e para mostrar que "AMPUTAÇÃO", não é o fim da vida. Pelo contrário, a amputação pode ser o inicio de uma nova fase, de uma nova vida.
 
Ps.: Quero aproveitar para divulgar um grupo no facebook que me ajudou muito nos primeiros meses e me ajuda ainda hoje (Ilizarov Brasil) . O grupo foi criado pelo Dr. Marcos Alves de Andrade e como ele mesmo diz, "foi uma verdadeira inspiração", com toda certeza. No grupo encontrei conforto, carinho, amizade, fortalecimento da fé e muita troca de experiência. Tem muita gente querida que tenho o maior carinho e amizade, até parece que os conheço pessoalmente. Muito obrigado a todos os membros do grupo, principalmente aos amigos mais chegados. Muito obrigado!
https://www.facebook.com/groups/ilizarov.brasil/